domingo, 17 de julho de 2016

Rascunho...

Eu vejo algo no Cristianismo que me chama a atenção. Existe algo no Cristianismo que eu não encontro em nenhum outro lugar. Quando eu digo Cristianismo eu não digo este cristianismo aqui ou aquele outro, mas digo o Cristianismo genuíno.

Primeiro, é preciso fazer essa diferenciação. Vi, antes, uma postagem no Facebook de uma menina que comentou "isto não é feminismo" em uma foto que representava uma pichação com o dizer "homem morto não estupra". Me parece totalmente absurdo acreditar que aquilo possa, de alguma forma representar o feminismo, uma vez que feminismo é a busca de maior igualdade entre os gêneros, que se vê como necessária porque observa uma maior valorização do masculino na sociedade e uma redução do feminino, algo que o feminismo concebe como machismo. Assim, toda vez que se manifestar a tentativa feminista de elevar um dos gêneros rejeitando a igualdade e favorecer um deles, considerando-o como melhor, preferível e mais digno, ela está se afastando completamente daquilo que pretende ser e está se fazendo completamente contraditória e absurda, já que realiza aquilo contra o que se propõe a lutar. Embora o esforço pela valorização e busca da igualdade entre os gêneros seja apreciável, ela pode muito bem ser corrompida por seres humanos motivados pelo ódio e o egoísmo. (Qualquer movimento que assume buscar o bem mas incita o ódio corre o risco de não realizar o bem).

Existe um ideal que não pode ser confundido com suas manifestações. Isso explica aquilo sobre o que comentamos outra vez: vassouras ungidas, panos abençoados, copinhos da oração, etc. Isso tudo se afasta do Cristianismo assim como aquela pichação se afasta do feminismo, porque nada disso tem base naquilo que fundamenta o movimento cristão, não possui a menor sustentação bíblica e é contraditório ao que o Verdadeiro Cristianismo ensina. Mas assim como o homem corrompe isto, corrompe também aquilo.

Compreendida essa diferenciação, rememoro que encontro algo no Cristianismo que não encontro em outros lugares. (O bem da verdade é que tenho uma compreensão tão mínima sobre coisas como filosofia ou tão inexistente sobre coisas como a religião budista que não posso afirmar com honestidade que não existe em outros lugares. Só que acredito que se existe em outros lugares, é diferentes do que existe no cristianismo porque só o cristianismo tem Jesus Cristo).

Vamos lá. O que vejo de tão admirável é a busca ativa constante pela realização da perfeição no ser e nas atitudes. Primeiramente, isso é possível porque o cristão têm uma ideia do que é perfeito: Deus, a vontade de Deus, o Reino de Deus, Jesus. Buscar a Deus, estar em harmonia com Ele, buscar cumprir sua vontade e se esforçar pelo bem do próximo (Gl 5.14) são considerados de alto valor pelos seguidores sinceros dos ensinamentos de Jesus. Essa busca pela perfeição não é um esforço egoísta, mas motivado pela gratidão. Somente quem conheceu a Graça de Deus é capaz de buscar a perfeição não para atingir o bem para si e sim como atitude de gratidão de um filho perdido que recebeu todas as coisas sem nenhum merecimento. Só quem se vê incapaz de conquistar alguma coisa (ainda mais a perfeição) é capaz de buscá-la sem esperar conquistá-la por suas próprias forças. Além disso, os cristãos identificam os obstáculos que, mais do que atrapalhar, lutam contra a perfeição. A carne, a natureza corrompida pela inimizade com Deus, o Pecado impedem que o homem seja aquilo que Deus pretendia que ele fosse, ou seja, impedem que ele seja perfeito. Assim como o feminismo identifica o machismo como algo que atrapalha a igualdade na valorização entre homens e mulheres, o Cristianismo identifica o Pecado como algo que impede a perfeição porque se contrapõe ao que agrada a Deus. Nesse sentido, é de grande significado essa identificação dos agentes contrários envolvidos. Assim, é possível explicar como existe o mal e porque as pessoas fazem o mal ao invés do bem, diferente de outras elaborações racionais (que não raro entendem o cristianismo como irracional) que não são capazes de explicar convincentemente a razão do mal no homem.

Enfim, só para eu não esquecer quando quiser continuar:

Eu ouço "não demore muito no banho porque isso gasta muita água, energia e tempo". Só que eu demoro muito no banho e sei que isso é errado, não é uma coisa boa e me sinto mal por demorar no banho. Assim, eu desejo demorar menos no banho, mas não consigo fazer isso por uma série de fatores, como desorganização, organização de pensamento, devaneio, relaxamento, frio, etc. e então me sinto moralmente desconfortável pois estou fazendo uma coisa má, uma coisa errada, que eu sei que é errada e deveria estar fazendo diferente. Só não faço.

Eu ouço "demore menos no banho pois esse é o certo" e, de forma muito menos frequente, "essas são algumas dicas práticas pra você que não consegue demorar pouco no banho conseguir tomar banho mais rápido...". Mas e se não ajudarem muito? Eu terei que conviver com isso me incomodando para o resto da vida? Não importa se, de agora em diante, eu sempre tente e não consiga ou desista de tentar, eu sempre irei me sentir mal com isso? Me parece que as pessoas só dizem o que é certo e o que é errado (para elas) mas não estão muito preocupadas com como eu vou fazer essas coisas (agora, se vira!). Jesus é diferente. Ele mostra como deve ser feito (faz) e me ajuda a fazer, andando do meu lado.

Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso senhor, que pagou a pena pelas minhas culpas. Já está tudo pago. Se eu não conseguir, tudo bem, Deus já resolveu isso pra mim, não preciso ficar preocupado. Agora quero tentar mais ainda, porque tentar só me faz me sentir bem. Se consigo, me alegro. Se não consigo, sei que não há com o que se preocupar e me alegro pois tentei.
No cristianismo há sempre a busca por melhorar, por chegar mais próximo de Cristo. O discipulado cristão é algo digno de reflexão.

Agora vou dormir. Talvez eu volte a preencher isso aqui depois de ler Bonhoefer.

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